03 dezembro 2009

Não pode ser este perfume

Há um ano atrás fui fazer uma radiografia ao nariz, para saber o que eu tinha, pois ando sempre ranhoso. "Sinusite aguda" foi o que doutora Não-Sei-O-Nome me disse e receitou-me dois comprimidos que nunca tomei, mas comprei. Agora já sei a razão para tanta assoadela, para tantos lenços de papel gastos.
Tenho que fazer um teste literário, ler O Perfume de Patrick Süskind para ver se me cheira.
Primeira cena o nascimento do personagem. Fantástico a maneira como está escrito que me permite com sinusite aguda sentir o cheiro do peixe misturado com o podre. Se eu fosse ao Mercado da Ribeira nem que uma peixeira me atirasse uma raia à cara, eu não cheirava que ela me ia atira-lo à cara. O resultado do teste foi positivo, a vida pós livro manteve-se, não me cheira a nada.
Obrigado senhor escritor por me deixar cheirar todos os aromas que Jean Baptiste Grenouille, com o seu jeito para a alquimia, criou. Isto mais parece uma frase de alguém que cegou e conta como são lindas as cores do arco-íris e que o barulho das ondas a bater nas rochas só fazem sentido vendo-as.
Mas, por muito bom que este manuscrito seja, tenho um fraquinho literário do outro lado do Oceano, no Chile, em Luis Sepulveda.
O seu estilo, não é o meu. Mas a sua simplicidade a escrever é incrível. Eu adoro.
Estou-me a referi mais propriamente a "História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar". Não há algo mais irritante quando nos contam o final. Há mas não se conta o fim de nada. Deu-me vontade, quando li o título livro e ter concluído e verificar termina mesmo assim (espero que já tenham lido isto, porque eu voltei a fazer a mesma coisa), de lhe contar o fim de um livro que ele queira muito ler.
Aqui apresento dois livros que me marcaram um por me devolver o cheiro, por pouco tempo e outro pela simplicidade.

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